"O bom selvagem"

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A ciência nada mais é que o senso comum refinado (G. Myrdal)

In Textos Variados on June 25, 2010 at 22:58

Essa é uma resposta ao post “O poder da amizade” publicado no Ideando.

Sem dúvida ter amigo no ambiente de trabalho ou em geral é um grande estímulo e combate a depressão. Interessante quanto recurso é investido para chegar a conclusões óbvias, adicionando apenas alguns dados estatísticos para dar um cárater científico. Afinal, a ciência tem a palavra final hoje em dia.  Na idade média era a instituição da igreja católica. O problema é que, todo mito é perigoso na medida em que induz o comportamento e inibe o pensamento. Às vezes é preciso desmascarar o mito do cientista.

Eu acredito que dado o desenvolvimento das forças produtivas ao longo da história, a especialização tornou-se uma importante característica dos nossos tempos. Porém, quanto mais a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos. E isso atende a demanda da vida tumultuada do nosso dia-a-dia. O especialista diz o que fazer e nós aplicamos na nossa vida. Seja como combater calvice, varizes, depressão… Também há conselhos de como despertar a libido no parceiro ou atingir um orgasmo. Para que perder tempo e paciência se eles já testaram, têm a fórmula, e é só aplicar? Viva a praticidade da vida moderna! Ou não?

Não é preciso entender direito o que estou fazendo, sendo que o consentimento científico legitima a falta de racionalidade dos meus atos. Qualquer semelhança com as leis canônicas não é mera coincidência.

Porque o cientista virou um mito, ele é endorser de pasta de dente ou de qualquer outro produto. Esse mito vai de encontro com outra tendência, a qual eu volto a me referir num outro momento: o culto do corpo e a obsessão com uma vida saudável.

O discurso científico penetra e regula as relações humanas, na cama ou no bar, onde for. Eu não concluí isso por conta própria. O filósofo, sociologista e historiador francês Michel Foucault, tem muito a dizer a respeito.

A procura de uma vida melhor, a sobrevivência e o maior entendimento do mundo, fazem parte do nosso instinto natural. O interessante é notar que, hoje em dia, senso comum e ciência são muitas vezes duas faces da mesma moeda. Todo mundo quer ouvir o que os especialistas querem dizer.

Você compra um cachorro para contrabalancear o marasmo do dia-a-dia. Depois consulta um especialista para saber que tipo de comida é mais adequada, como cuidar do cãozinho, como domesticá-lo para que ele atenda aos seus comandos. No final a gente deixa para o especialista o que deveria ser nosso motivo de prazer. A mesma lógica pode ser aplicada em diversos exemplos. Da terapia de casal aos efeitos de uma alimentação menos calórica, da nova coca-cola zero à comida orgânica ou transgênica.

Permita-se errar, se isso significa embarcar na busca de respostas para os seus dilemas a partir de suas próprias conclusões. E faça uso da ciência quando necessário, com moderação.

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Este post foi inspirado e faz referência direta ao livro de Rubem Alves intitulado: ” Filosofia da Ciência – introdução ao jogo e a suas regras”.

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As artimanhas do amor

In Textos Variados on June 23, 2010 at 12:05

Os homens são frequentemente taxados com os piores estereótipos disponíveis. É claro que dado a sociedade machista na qual vivemos, agir de maneira imprudente em relação aos sentimentos alheios, torna-se algo costumeiro. Como um jeito de destacar-se entre os demais como o “macho-alpha”. Aquela necessidade imensa de provar a virilidade para os outros e à nós mesmos. O que me perturba é o revanchismo de algumas mulheres que usam e abusam de sua posição, i.e. distorcem o discurso feminista e depois o incorporam como um mutante predador à serviço dos desejos carnais e prazeres materiais do que um dia, de uma maneira ingênua,  foi chamado “o  sexo frágil”.

A partir daí, futuros pretendentes passam por uma série de experimentos, os quais o cientista mais aldaz julgaria inadequados para serem aplicados às suas cobaias. O tipo de tortura que seria repudiada por unanimidade em Guantanamo Bay. Para que o leitor entenda com clareza, é como no programa do Sérgio Malandro: jogar-se no chão e sair nadando, abrir portas secretas e deparar-se com criaturas abomináveis, submeter-se a situacões de intenso estresse e perca momentânea dos sentidos. Essa é a tática utilizada por algumas mulheres (não se trata de uma generalização) para combater a imagem dominadora do phallus.

Assim, levam a mente humana ao limite da sua capacidade de decifar os códigos e caminhos tortuosos pelos quais elas esperam que você siga até que finalmente conquiste aquele coraçãozinho frio e calculista. Essas mulheres realmente vestem a calça, não no sentido de esbanjarem autoridade e determinismo como no caso de Margaret Thatcher, mas por apropriarem-se de todos aqueles estereótipos negativos relacionados ao homem, num puro ato de revanchismo.

Não tem que ser assim.